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Espaço Cultural Viola de Bolso - uma trincheira democrática
da cultura no sul da Bahia. |
Não lembro
de ter ouvido falar em Eunápolis antes. A chamada maior vila do mundo. Uma vila,
hoje, com mais de 150 mil habitantes. Fica num circuito de cidades que somam cerca de 500 mil habitantes, incluindo Porto Seguro. Pois bem. Quando anunciei as
andanças paara o lançamento do meu livro, o poeta George Ardiles e a poeta Clareana Santana,
saíram na frente: “fale com Sumário. Vc não pode deixar de ir até Eunápolis, no
Centro Cultural Viola de Bolso.” Imediatamente incluí a cidade num roteiro que
tive que desmanchar em parte, pois precisaria retornar para cumprir um compromisso em
Sergipe assumido anteriormente e que eu pensava ser em maio.
Eunápolis me
impactou em diversos aspectos. Não foi só um lançamento de livro. Foi um
encontro com velhos amigos que eu nunca tinha visto antes. Sumário, Anselmo,
Marcos, Joésia (casada com Sumário) e uma série de pessoas cujo nome não irei
lembrar. O lançamento foi no Centro Cultural Viola de Bolso. Um espaço democrático
e muito bem transado. Na verdade um Ponto de Cultura que fica no térreo do
sobrado onde reside Sumário com a família. O único espaço cultural da cidade,
diga-se de passagem. Todo mundo em Eunápolis sabe localizá-lo. Um espaço
reconhecido pelos benefícios que traz ao lugar.
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Temos amigas em comum. A foto ficou tão astral que resolvi editar para
parecer um poster. Pessoas lindas que me receberam de coração aberto. |
Pois bem.
Chegou o lançamento e eu me surpreendi com o número de pessoas que foram ver um
poeta que, certamente, não conheciam. Uma mobilização muito interessante que me
fez vender livros em Eunápolis sem nunca ter pisado lá. Artistas, militantes,
pessoas envolvidas com os movimentos sociais. Todos muito bem definidos. Alguns poetas.
Muitos músicos. Gente que faz cultura na cidade. A galera do Hip-Hop. Todo
mundo lá. Mundo pequeno demais. Conheci em Eunápolis pessoas lindas que tinham
comigo uma afinidade incrível. Parecíamos amigos de outras
eras. Descobrimos amigos em comum e ficamos com aquela sensação de “nunca te vi
sempre te amei.” a sinceridade estampada no olhar.
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Os manos e as minas. Na poesia e na pegada coletiva. |
Rolou um papo
muito maneiro onde trafegamos por assuntos como políticas de leitura, conjuntura
política e poesia. Pessoas recitaram poemas e no final rolou uma roda com
poemas e músicas de primeira qualidade. Foi quando entendi que estava na mais
mineira de todas as cidades baianas. As modas. Os poemas. O sotaque universalizado.
O acarajé na Praça Gusmão. Me emocionei com a imensa amabilidade das pessoas. Acabei
aceitando o convite e ficando para, no sábado, participar de um encontro da Nação
Hip-Hop onde fui jurado numa batalha de RAP entre MCs de Eunápolis e de Porto
Seguro. No domingo almocei com a família de Sumário e tomei meu rumo em direção
à Paulicéia Desvairada.
Eunápolis, desta forma, entrou para a história da minha vida e senti uma
vontade imensa de retornar para oferecer oficinas nas escolas públicas e
fortalecer a luta daqueles guerreiros e guerreiras que me encheram de
encantamento. Jamais conseguirei pagar o tanto de amor que recebi. Melhor
espalhar, melhor espalhar...
Muito massa ver isso.
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