domingo, 22 de abril de 2018

Lançamento na Casa Amarela, dia 19 de abril de 2018.

Daquelas imagens que dizem tudo.

Em São Miguel Paulista boas surpresas me esperavam. A primeira delas é que não se tratava de uma nova cidade, mas de um bairro de São Paulo. Não sabia como iria e o que iria acontecer, mas percebia as pessoas bem mobilizadas. Iria conhecer um amigo de outras vidas, o escritor Escobar Franelas. Nos conhecíamos desde antes da internet. Trocávamos cartas. São Miguel era muito longe do hotel onde eu estava, mas Escobar fez questão de me buscar. Daí a primeira alegria, pois era longe e tivemos tempo para um longo papo. No caminho pegamos Rosinha, outra criatura iluminada e cheia de talento. Gente que batalha na vida. Saímos para tomar um café, pois chegamos cedo. Quando voltamos estavam chegando Akira e Suely. Aos poucos foram chegando outras pessoas e tive mais uma agradável surpresa com tantas presenças.

O escritor João Caetano do Nascimento fez o
primeiro contato para minha ida à Casa Amarela.
Até o começo foi apoteótico. Comecei a me emocionar com a primeira música. Uma bela canção que fala da condição de ser comum que, na verdade, pertence à todos nós. Mesmo que pouca gente pareça compreender. Foi a primeira pancada. Não lembro o nome do artista, mas lembro de uma voz com forte identidade. Depois alguns artistas presentes recitaram meu Poema de Classe, ainda inédito. Me emocionei muito. Então começaram as cantorias e as leituras de poemas. Tião cantou músicas de Geraldo Vandré. As mais belas. Sacha cantou coisas belíssimas também. Deu pra perceber que eu estava entre guerreiros, entre amigos, entre artistas que não esperam que as ações cheguem até eles. Há um protagonismo espetacular na Casa Amarela. É um espaço que reflete a verdade da cultura artística brasileira. Espaço de resistência estética e política que serve como exemplo e também enquanto estímulo para outras ações semelhantes. Eles não esperam. Fazem acontecer as coisas de uma forma tão bela que encanta os que por lá transitam.


Escobar Franelas tinha meu livro Sem Meias
Palavras, de 2002. Pediu um segundo autógrafo.
Começa o terceiro momento e eu tomando cachaça Salinas. A emoção estremecia até meus ombros. Em alguns momentos senti uma vontade imensa de chorar. As pessoas presentes me emocionaram com o acolhimento, com a celebração da vida e da arte. Foi quando começou o Bate-Papo Infinito, como dizem. Me faziam perguntas. Líamos poemas. Especialmente meus poemas. Eu mesmo li poemas. E então, mais perguntas. O papo foi fluindo e envolvendo todos nós. Não tinha barreiras. Não tinha censura. Perguntas de quem deseja desvendar a alma do poeta. No final, aquela apoteose de abraços e fotos. Autografei livros. Repartimos alegrias. Respiramos solidariedade, amor, arte e ventanias. Fomos jantar uma imensidão e uma variedade enorme de delícias orientais num restaurante de paraibanos do sertão, de Patos. Escobar me conduziu até o hotel e cá estou eu contando uma história linda, mesmo sem conseguir expressar a imensidão de emoções sentidas. A passagem pela Casa Amarela me mostrou o quando somos necessários uns para os outros num momento em que o país naufraga num golpe, abrindo as portas para o fascismo que precisa levar porradas poéticas e políticas para voltar para a tumba.


3 comentários:

  1. Muito bom o encontro com Lau Siqueira.... Que tenhamos mais encontros... Abraços poeta!

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  2. Conhecia o Lau Siqueira, através de seus textos. Mas conhecer os seus textos, a sua poesia, é conhecer o poeta, que não nega e não negou sua sensibilidade par a as pessoas e as coisas da vida. Aquelas que realmente importam. Foi um prazer trocar abraços e carinhos.

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  3. Feliz por te conhecer, um prazer te receber.
    Gratidão por nos encantar.

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